02 - CAPIM BARBA-DE-BODE Aristida jubata (Arechav.) Herter (POACEAE)
02 – Capim barba-de-bode – Aristida jubata (Arechav.) Herter (POACEAE)
Planta perene, de 40 – 80 cm, colmos e folhas agrupados em fascículos. Bainha foliar com o colo sem pelos, folhas de 15- – 25 x 0,05- – 0,1 cm, sem pelos, retas e finas. Inflorescência do tipo panícula, de 20 – 30cm. Floresce de setembro a junho.
A imagem clássica da savana são extensos campos de capim. Encontrei um terreno onde era possível andar no meio deles, e ter a sensação de estar fora da cidade, algo irônico para uma planta que foi tão comum na paisagem paulistana. Na Praça da Nascente era a espécie predominante antes da urbanização, quando o lugar ainda era chamado de Morro do Careca. Moradores antigos reconheceram os exemplares que reintroduzimos.
Distribuição: Do Mato Grosso ao Rio Grande do Sul, em cerrado, campo seco e em cerradão.
Situação em São Paulo: Ocorre eventualmente em terrenos baldios na periferia, no Rodoanel Metropolitano de São Paulo e beiras de rodovias. No passado, formava densos maciços, mas hoje essa visão se tornou difícil.
Como plantar: O transplante tem que ser feito levando-se em conta uma área bem generosa de terra ao redor do torrão e é preciso ter cuidado para não afetar a raiz, que é bem delicada. Na hora de plantar, fazer uma cova generosa, com uma base de terra fofa que ajude a raiz se desenvolver. Desde os primeiros dias, regar diariamente, mantendo a terra e a folhagem úmidas até a planta se adaptar. Deve-se plantar sempre em grupos eventualmente associados a plantas de baixo porte, como macela, pixirica, araçá, e outros capins, como o rabo-de-burro, sempre com sol direto.
Usos: Planta com grande potencial ornamental devido ao seu aspecto entouceirado, porte baixo e extrema resistência à seca. Com suas folhas é possível fazer artesanato. Segundo o Seu Miguel, morador veterano da região, antigamente era colhida no Morro do Careca para ser usada como recheio para espantalhos e bonecos para a malhação do Judas, costume que acabou junto com a planta na cidade. Também era usada para fazer guirlandas nas festas de São João.
LONGHI-WAGNER, H.M. (COORD.) POACEAE. IN: LONGHI-WAGNER, H.M. ET AL. FLORA FANEROGÂMICA DO ESTADO DE SÃO PAULO. INSTITUTO DE BOTÂNICA, SÃO PAULO, VOL. 1, PP: 1-281, 2001.
Os campos de cerrado urbanos, são sombras do seu passado, mas ainda guardam essa beleza ambígua, de desafiar o fim.
O Parque do Juqueri é o que sobrou da paisagem do cerrado paulistano. Tem fragmentos bem interessantes apesar de ser um parque bem pequeno. Uma das vistas mais bonitas são o contraste dos capins com a terra vermelha.
Uma grande especialista em agroflorestas, disse uma vez que a terra vermelha da praça onde está o Cerrado Infinito é um solo degradado, que teria que ser "curado"!!! Tinha razão numa coisa, o solo é "pobre" em matéria orgânica e contém muito alumínio, impedindo a absorção de nutrientes da maioria das plantas, o que o torna péssimo para hortas e pomares de árvores. Mas acredito que o capim barba de bode definitivamente não concorda.
Perto do Cerrado Infinito no Sumaré, a prefeitura teve que concertar um cano, foi uma oportunidade de rever essa terra escondida pelo concreto.
Basta entender um pouco de cerrado, para perceber que esta é uma terra sagrada, viva, mas que obedece outras dinâmicas, diferentes da floresta ou da horta. A agrofloresta só pode ser positiva seguindo os preceitos permaculturais que estabelecem um respeito produtivo com os biomas onde a atividade agrícola se estabelece. É necessário desenvolver agrosertões, agropantanais, agrocerrados com suas características próprias, ou transformaremos tudo numa paisagem agroflorestal pasteurizada.
Na época de reprodução a planta adquire um bonito tom arroxeado, com tufos nas pontas da folhas carregados de sementes. Esse capim se adaptou rápido á terra da praça onde esta o Cerrado Infinito.
Capins no inverno quase secos, a planta continua vivíssima.
Coletando sementes de capim Rabo de Burro, não tem segredo, terrinha, sol, e uma boa irrigação, e BUM! Você terá centenas de mudas!