CERRADO INFINITO
da PRAÇA DA NASCENTE
Início: 13 de junho de 2015.
Local: Praça Homero Silva, ( Praça da Nascente ) Sumarezinho, ZO, cidade de São Paulo.
Espécies EM DESTAQUE: Capim-rabo-de-burro, capim-barba-de-bode, lobeira, araçá-do-campo, guabiroba, fedegoso, carqueja, alecrim-do-campo, capim-sapé, capim-colchão, capim-pé-de-galinha, língua-de-tucano, elegante, erva-grossa, jurubeba, candeia, juqueri, arranha-gato, dormideira, barbasco, branqueja, begônia-do-brejo, fruta-do-pombo, copaíba, sumaré, batata-de perdiz, canela-de-velho, marmelinho-do-campo, amargoso, arnica-do-campo, caraguatá, murici, ananás... algumas plantas, por diversos motivos referentes ás dinâmicas de um espaço público, são depredadas ou roubadas, o número de espécies se torna flutuante e plantas aparentemente bem estabelecidas podem sumir depois de um tempo. Se trata de uma vegetação em continua tensão com o ambiente urbano, e as plantas que se estabelecerem definitivamente serão as mais adaptadas a essas dinâmicas.
Área aproximada: 2000m
Trilha: 400m
Ações: Plantio e manutenção do Cerrado Infinito aos sábados das 9h as 11hs.
O Cerrado Infinito da Praça da Nascente, foi feito coletivamente por um grupo de pessoas flutuante, mais ou menos organizado e que funcionou aproximadamente durante 5 anos. O grupo foi dissolvido completamente com a pandemia da Covid- 19.
Durante esse período, foram realizados 10 eventos de arte, chamados Descolonization!!! Picnic Internacional de Descolonização da Paisagem Vegetal Mundial, que ativaram o Cerrado Infinito, como um ecossistema cultural.
Foram feitas 10 edições, com apresentações de dança contemporânea, performances, instalações sonoras, palestras, oficinas, entre variadas dinâmicas.
Durante a pandemia, ele foi mantido, e ampliado pelo idealizador Daniel Caballero, com ajudas esporádicas de outras pessoas, e contou com a ajuda contundente da sub-prefeitura da Lapa, que disponibilizou suas equipes para fazer podas em árvores, manter e desenvolver a trilha em condições de visitação, além de cuidar da Praça da Nascente como um todo.
Nesse período ele se fortaleceu com a baixa circulação de pessoas, e a vegetação se adensou e se tornou mais resiliente, na pós-pandemia, ele tem se mantido razoavelmente estável, com eventos de plantio e manutenção esporádicos, mas sem aumentar significativamente seu território.
O Cerrado Infinito é um trabalho de anti-paisagismo, não tem um projeto ou desenho específico, e se forma apenas seguindo uma diretriz básica, plantar nas margens da sua trilha, e fazé-la se expandir ao máximo.
Sua manutenção é feita muito mais retirando plantas do que plantando.
Periodicamente são feitos despraguejamentos de capins africanos e outras plantas exóticas invasoras, além de lixo acumulado.
Por ser uma área pública ele sofre vandalizações, das mais variadas, que destroem qualquer planta que se destaque um pouco mais, como por exemplo capins grandes como o rabo-de-burro, ou mandacarus que são derrubados quando começam a ter uma porte parecido ao de um ser humano.
Sempre são destruídas as plantas mais bonitas, o que podemos interpretar como a planta servir para descarregar frustrações, em um ato de vandalismo clássico.
Também acontecem roubos específicos de espécies, alguns feitos com os cuidados necessários, o que denuncia que se trata de pessoas com algum conhecimento botânico.
Algumas plantas foram aneladas e envenenadas ao longo do tempo, ou sufocadas por material de composto e folhagens, o que também denúncia um tipo de conhecimento de técnicas agrícolas.
Também tivemos o caso documentado, de uma arquiteta retirar uma área de 4 metros quadrados de capins barba-de-bode para usar em um projeto paisagistico, em um edificio na Av. Consolação.
O Cerrado Infinito, implica a idéia de um desprendimento do cidadão com o território da cidade. Onde existe o Cerrado Infinito se estabelece um território vegetal para a continuidade das plantas nativas campestres, onde nada e plantado para ser diretamente útil.
Não se trata de um pomar, nem tem nenhuma intenção agrícola ou medicinal, a única utilidade é de servir de matriz para ser replicado, ou de ponto estratégico onde as próprias plantas se estabelecem com a ajuda de dispersão feita pela avifauna nos locais disponíveis ao redor.
Essa vegetação sobrevivente, se é para ter alguma utilidade direta, é certamente a melhor opção de renaturalização da cidade de São Paulo, que necessita de áreas verdes densas, que possam se manter independentes da fricção com a cidade, ativando a biologia local.